segunda-feira, 17 de outubro de 2011

De pá virada

“Hoje acordei com a pá virada”, a certeza é que você já ouviu e também já falou isso. Sempre achei graça dessa frase, mas tem dias que ela é minha realidade. Não tenho a mínima paciência com quem está com azedume, e garanto, não sou amiga nem da minha própria pessoa quando sou eu que estou com ar de poucos amigos.
Convenhamos, não há nada mais chato do que mau humor, ao menos para mim. Dizem que bom humor é contagioso, porém o mau humor também é e muito. Ainda não consegui me educar e obter a sublime manha de sempre deixar para lá ou levar na esportiva, consigo às vezes, mas a cara emburrada tem um poder tão forte que não há como não se irritar com a tromba de elefante e as ferraduras de cavalo. A vontade é de devolver em dobro. Ou seja, vira uma bola de neve.
E apesar de me considerar uma pessoa muito bem humorada e que assumidamente detesta mau humor, as vezes me pego de pá virada. Isso acontece principalmente nas segundas, amo começar uma semana nova, mas têm certas segundas-feiras que, em minha opinião, carregam todo aquele peso de faxina acumulada, contabilidades a fazer, pilhas a organizar ou qualquer coisa similar.
Junte isso a horário atrasado, chefes estressados, pneu furado, trânsito congestionado, horário de verão, além das inúmeras contas que neste dia você conclui que NÃO DÁ para quitar. Isso porque no dia de pá virada, você tem absoluta certeza de que nada vai dar certo ou ser bom. Eu enjôo até da minha própria cara, verdade, penteio o cabelo, jogo para o lado, jogo para o outro, prendo, mudo de blusa e no final concluo olhando no fundo dos meus olhos “Detesto sua cara, some”.  Aí eu saio de qualquer jeito mesmo e fico me achando uma baleia durante todo tempo, pois tenho certeza que escolhi justamente aquela roupa horrível e que me engorda 50 quilos.
Você ainda corre o risco de encontrar outra pá virada, o que é desastre na certa, quase como o filme “Um dia de fúria”, com grande risco de um colapso generalizado. Por um bem a humanidade, meu conselho é: respire e se auto ignore. Ao menos neste dia, eu que sei que estou insuportável, juro que faço o maior esforço para poupar os inocentes ao meu redor. E se tudo está dando errado, pois isto é fato nesta ocasião, ligo o foda-se e deixo acontecer, porque fora disso não há nada a se fazer, tem tudo para ser caótico e vai ser. Relaxe.
Chegar ao final de um dia de pá virada, seja você o carrasco ou a vítima, é uma glória. Você está acabado e exausto e dá graças a Deus de ter conseguido passar por isso sem ter cometido algum homicídio. Você, e quem têm o azar de conviver com você, reza muito para que a próxima manhã seja melhor.
E o pior que geralmente é. Aliás, no pós-pá virada você acorda num bom humor insuportável, tipo uma ressaca ao contrário. E ainda faz aquele tipo: aconteceu alguma coisa? Tudo na maior cara de pau. Sim, é bem assim que ocorre. Mas não se preocupe, você não corre o risco de ser bipolar (ou talvez sim, vai saber...). E não ria, acontece que a pá virada pode atingir qualquer um, eu, você ou no pior dos casos, o Cara lá de Cima. Mas desastres naturais, a eleição da Dilma e a criação do Restart  é assunto pra outra hora. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pessoas Vale a Pena Ver de Novo

Evidentemente sempre temos aquela pessoa que queremos um grande bem, que é constante ou não em nosso convívio, a qual sempre queremos próximo. Mas não é sobre isso que se refere o título.
Provavelmente você conhece ou já conheceu algum indivíduo que vive sob o lema “Vale a pena ver de novo”. São aquelas pessoas que não se desapegam facilmente (ou até dificilmente) de algo, elas remoem, falam, repetem e ficam naquele processo circular que chega ao ponto de tornar incomodo para quem está ao lado.
Claro que todos já tivemos um momento de apego ou que é de difícil superação, mas as pessoas vale a pena ver de novo, não. Creio que elas tomam certo gosto pela coisa, sabe? Como do tipo que te faz ouvir aquela música favorita umas dez vezes seguidas. É um hobby, praticamente uma arte. Arte sim, com certeza. Pois não é qualquer um que tem habilidade para entender e realizar esse feito com tamanha presteza, dia após dia, sempre a repetir as mesmas lamentações ou realizações sem cair na tentação de ousar algo novo. E é uma arte justa, pois independe do gênero, idade ou classe social. Tem que ser muito talentoso para tirar proveito por anos a fio dos mesmos fatos, é um dom, só para quem pode.
As vezes, em certas situações, me pego ranzinza comigo mesma mediante a certas situações e daí percorre um calafrio por minha espinha. Então, busco novas possibilidades, procuro saídas, peço conselhos e ajuda, se preciso tomo banho de sal grosso, faço simpatia ou até reza para algum santo milagreiro. É que particularmente, fico entediada com a mesmice, não que seja do tipo que goste de aventuras radicais, mas ficar só no basicão me deixa melancólica.
Ouvir pessoas vale a pena ver de novo também é um ato de muita coragem e porque não dizer de sublime caridade? Afinal, cá entre nós, tem que ter muita calma nessa hora. É como ouvir a mesma piada do seu tio bêbado em toda festa de família, as primeiras vezes tem graça, depois começa a incomodar e no final das contas você está com vontade de torcer o pescoço daquele pobre infeliz. E independente de qualquer coisa, ele vai continuar com isso sempre. Pois, avalie, existe algo em comum nessas pessoas: elas ignoram qualquer conselho ou socorro oferecido. Não tente perder tempo se esforçando em encontrar soluções, se você quer agradar, escute e muito. 
Assim sendo, tranqüilidade. Esta, provavelmente, é uma arte ainda incompreendida pela maioria de nós. Então, enquanto vamos seguindo a vida conquistando novos ares, tentemos compreender esse ciclo imutável e vicioso que acompanham as pessoas vale a pena ver de novo. Pois isso deve ter alguma incrível vantagem que meros ignorantes, como eu, não captam, do mesmo modo que alguns outros não vislumbram que é bom crescer, mesmo levando alguns tombos por aí, guardando as lições e descartando os rascunhos e lixos, para no final, evoluir. 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Não acredito em amores Tela Quente



                Podem dizer o que quiserem, mas eu sou sim romântica e muito. Só acho que as pessoas confundem romantismo com exposições clichês, piegas e em certos casos, até mesmo com encenações surreais.
                Há alguns dias assisti uma reportagem naquele famoso programa das noites de domingo, a matéria contava a linda história romântica de uma enfermeira que se apaixonou por seu paciente e resolveu doar o seu rim para salvar o amor de sua vida.  Oi? Me lembra algum roteiro de filme americano. Muita gente vai me criticar, mas somente eu que achei essa historinha mentirosinha demais? É sim, do tipo beirando a um devaneio de ilusão “romance banca de jornal”. Não estou falando que era mentira a história em questão, mas tudo depende de como ela é contada. Pois é, claro que ninguém reparou na parte que o cara já tinha outra na parada e colocou um parzinho de chifres básico na dita cuja, e nem que a tal enfermeira levou um praticamente desconhecido para morar em sua casa e muito menos na namorada traída que aceitou tudo maravilhosamente bem. Acredito que a história seria bem diferente contada de outro ângulo. Sempre fico desconfiada de histórias assim, perfeitinhas demais ou que a personagem central é uma bondosa alma vítima sem fim deste mundo cruel.
                Tsc, tsc. Nada como ouvir os dois lados da história. Mas voltando a questão do romantismo...
                Já viram aquelas declarações de amor em público? É, pois é. Sabe aquela coisa de vergonha alheia? Sim, isso eu tenho em sobra. Acho terrível aquele momento surpresa que o ser resolve parar tudo e dar um depoimento meloso, que parece saído daqueles caderninhos de versos que eu tinha quando criança. Quando parte para aquelas apelações em programa ao vivo é pior ainda, verdade, eu sinto um calafrio, meu rosto fica quente e vermelho, isso porque estou no sofá da minha casa, sozinha, sem testemunhas. Sem falar daquela época que era moda mostrar seu “amor” através de discretos carros com seus alto falantes e fogos de artifício, se lembram daquilo? Imagina a situação da criatura que está recebendo a tal declaração? Eu tenho dó. Sério.
                Não adianta, não me desce essas coisas enlatadas, rotuladas, que todo mundo suspira, que dão ibope. Pode até dar um bom retrato, um bom texto, um bom roteiro e só. Acho que amor de novela e filme de Hollywood não existe. Visão de relacionamento real? Woody Allen. Ok, nem tanto, sem pessimismo. Se todos os amores fossem estilo Woody Allen o mundo seria muito depressivo.
                Acredito que o romance de verdade está naquela coisa discretinha, no que só o outro sabe e faz para te agradar. Naquele temperinho especial no arroz com feijão que te faz repetir o mesmo prato todo dia. Naquilo que é feito para agradar um ao outro, no mundinho particular, sendo que de platéia só o casal e as críticas e elogios vindos de seus próprios corações. Sem demagogias e poses para a opinião alheia, sabe.
              Penso que quem faz tipo de feliz demais, na verdade tenta mostrar algo que deseja que se torne real. Uma questão muito Freudiana para minha paciência.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

E se eu quiser ter gordurinha?


Sim, mentira minha se eu disser que vou amar parecer uma cópia da versão feminina do Faustão (Aliás, do extinto fofo Faustão). Nem tanto. Na verdade até tenho, aliás, morro, de inveja daquelas mulheres saradas, coxas duras, braços finos, barrigas lisas e sempre alegres e saltitantes mesmo tendo acabado de correr o equivalente a Maratona da São Silvestre.
A questão é que sempre que me deparo com tamanha devoção a este corpo esbelto, me deparo igualmente a minha devoção a boa mesa. Não tem jeito, o meu fascínio por uma picanha, a minha paixão por uma lasanha ou o meu amor incondicional por uma bela feijoada é insuperável. Sim, amo comer e comer bem, quem disse que não tenho critérios e exigências?!
Acontece que qualquer bom prato que se apresente reluzente e com aquele aroma irresistível ao alcance do meu olhar, faz evaporar o sonho da cintura fina estilo Déborah Seco (aliás, botem seco nisso não é?). No meu caso, para eu ter um corpinho daqueles e não abrir mão dos meus desejos gastronômicos, viveria apenas para duas coisas: malhar e comer. Comeria um prato caprichado de uma suculenta parmeggiana e malharia quatro horas, a noite um filé ao molho de gorgonzola e mais cinco horas malhando, para relaxar, um bolinho de fubá com leitinho quente e mais duas horas queimando as calorias... Oi? Dormir? Não, que isso, dormir é para os fracos!
Voltando a realidade, mediante ao fato de ser mãe, profissional, esposa e nas horas vagas dona de casa, penso que não teria tempo para isso. Então das duas uma: ou malho ou fecho a boca.O que é mais difícil pra mim? (Se vocês leram este texto até aqui, provavelmente já sabem a resposta). Sim, fechar a boca, claro. E acreditem, freio a maioria das minhas vontades senão não sei onde iria parar, mas confesso, satisfaço com prazer várias delas. E daí se eu prefiro ficar com uns pneuzinhos e me satisfazer do que ficar horas malhando e amaldiçoando aqueles benditos aparelhos?!
Claro, qualidade de vida acima de tudo. Exercícios moderados, saladas, legumes, frutas, água – muita água – e, como diria Bial, filtro solar. Mas não, não me imponham regime e muito menos malhação acalorada... prefiro minhas gordurinhas, nos dois sentidos.