sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Lúdico desassombro

Estavam sentados há quarentas minutos, calados, ela com a cabeça no ombro dele, ele com o dedo fazendo caracóis no cabelo dela.
- E agora?
Ela suspirou, se ergueu ereta, suas costas já começavam a doer.
- Você não sei, eu alguma coisa vou fazer. Aqui é que não dá mais.
Ele ergueu uma das sombrancelhas.
- Então é isso. Só vamos saber se tentarmos, afinal...
Colegas, amigos, irmãos de alma e coração, bagagem pesada e saco cheio, tinham inúmeras coisas em comum, e nas diferenças se completavam, ela atitude, ele calma.
- A gente cai ou a gente voa?
- Isso depende da gente, eu acho.
E sorrindo ela ergueu sua mão à ele. Estavam naquela ponte velha e lá embaixo, muito embaixo, podiam ver o rio. Ela piscou.
- Bóra?
Pularam. De mãos dadas numa queda constante. Deu tempo de olhar dentro dos olhos, sorriram e entrelaçaram os dedos.
Então, souberam... voaram!
Tão impossível, longe e alto, que conseguiram ir para bem perto de seus sonhos.

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