quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Volúpia (De olhares...)

............Ela estava tomando café, lendo um livro qualquer, totalmente despercebida do mundo a sua volta. Era um final de tarde, o sol estava fraco, o clima frio, perfeito para relaxar um pouco e sempre que ela queria isso, ia naquela Creperia. Pode sentir uma onda quente vindo em sua direção, mas a frente, pela diagonal esquerda.
............Ele era alto, um rosto marcante por traços fortes, olhos miúdos, lábios finos numa boca grande cheia de dentes muito brancos. Não tinha nada de um tipo atlético, mas tinha um charme e uma magnitude que era impossível não notar, ele não disfarçava, olhava fixamente para Clara. Ela, sem jeito, se posicionou de melhor forma na cadeira, não queria parecer desleixada, tentou se concentrar no seu livro, olhou-o novamente de rabo de olho. Ele sorriu, um sorriso de canto de boca, e ergueu sua xícara para cumprimentá-la. Clara sentiu seu rosto corar, passou a mão pela nuca, mas, num sem querer proposital, ela o encarou, ele passou a mão pelas sombrancelhas, colocou os cotovelos na mesa e cruzou suas mãos para apoiar seu queixo, enquanto a olhava descaradamente. Ela sentiu um frio na barriga, que se transformou em calor e rapidamente se espalhou por todo seu corpo fazendo suas pernas abrirem ligeiramente. E ele continuava ali.
............Sem jeito ela pediu a conta e deixou o dinheiro na mesa mesmo, colocou apresadamente um pé após o outro para se afastar dali o mais rápido possível. Conseguiu enfim chegar ao apartamento, não sabe quantos minutos perdeu procurando a chave em sua organizada bolsa, estava muito nervosa não sabia dizer se era por estar tão perturbada ou por ter esquecido seu livro na mesa, culpa do "imbecil descarado", ela o xingou em pensamento.
............Colocou a chave na maçaneta e deu um empurrão naquela porta empenada, a qual ela queria mandar arrumar há semanas. Sentiu um puxão no seu quadril, que a fez voltar alguns centímetros para trás colando-a em outro corpo, um hálito quente se aproximou de sua nuca, "Isso é seu", ela se vira, era ele com o livro. Ela ergueu as mãos e tentou falar algo, mas ele a puxou para dentro do apartamento e não se deu ao trabalho de fechar a porta, sua preocupação era prensá-la na parede e afastar sua calcinha debaixo de sua saia curta. Clara se sentiu em êxtase, ao mesmo tempo não conseguia tirar a atenção da porta aberta, um medo de ser vista assim a invadiu, o que tornou tudo mais interessante.
............Não, sim, gemidos, rasgos, preenchimentos, suór, delírio. Uma deliciosa eternidade em alguns minutos. Recomposição. Com o rosto colado ao seu, ele sorriu, um sorriso inconfundível, "Tenha uma boa leitura".
............Quando ele saiu, ela com as pernas livres agora, reparou sua meia calça desfiada. Ergueu seu olhar para a porta que ela tinha que mandar arrumar logo. Fechou-a.

Nenhum comentário: