terça-feira, 11 de agosto de 2009

Jantar a luz de velas - parte III

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............O auge das brigas aconteceu dois meses depois quando ele resolveu passar a noite em uma despedida de solteiro de um amigo, aliás, uma festa animadíssima como há tempos ele precisava. A boate mais badalada da cidade foi fechada para ocasião, somente bartenders mulheres vestidas com micro blusas transparentes serviam os drinks no bar, vários confortáveis sofás e grandes almofadas ocupavam o local, havia uma passarela central onde a grande atração da noite seria apresentada: strep tease. Porém as stripers não eram profissionais, eram amigas e amigas de amigas, o que tornou tudo mais interessante ainda, todas lindas e muito prestativas, escolhidas a dedo para a animação em questão. Nem se precisa explicar o óbvio, na alta madrugada vários corpos estavam entrelaçados ocupando todos os sofás, almofadas e até a própria passarela.
............Acontece que a animação da festa aparentemente não se restringiu somente a boate, já que quando ele chegou a sua casa encontrou sua cama ocupada por sua mulher e mais duas moças, todas nuas, tendo a seus pés o tal amigo supostamente gay, o design de modas. Estavam dormindo ou apenas chapados, não soube ao certo. Ele chutou os biquínis molhados no chão, pegou o pirex que ainda continha alguns comprimidos de LSD e arremessou pela sacada, puxou uma das mulheres pelos cabelos e foi com toda sua fúria para o design, que dava gritinhos histéricos e com a mão amolecida tentava unhá-lo no rosto, sua mulher estava com as pernas abertas na cama em meio a uma crise de risos.
............Na mesma noite fez suas malas e mesmo sendo ele a sair, ela manteve a pose e pediu para se afastarem um tempo tentando manter a situação em suas mãos. Ele ficou algumas semanas em um hotel e começou a organizar tudo na empresa para um afastamento prolongado. Não soube notícias dela, mas via algumas notas nas colunas sociais sobre seu atelier ou sua aparição em algum lugar.
............Um mês depois se mudou para uma casa de campo, isolada porém linda, muito verde e um lago ao fundo, lindas margaridas floreavam a lateral da casa, que tinha mais a frente um pomar de pêras. De lá controlava algumas ações empresariais e aproveitava o tempo para aprender melhor sobre vinhos, praticar francês e pesca. Não tinha TV, ele fez questão de toda uma forma rústica para aquele lugar que era seu refúgio, seu passatempo preferido era com uma belíssima vitrola que executava mais que perfeitamente as melodias das suas coleções de vinil. Foi neste período que se tornou cozinheiro, tinha tempo e calma de sobra para fazer suas experiências. Os quatro primeiros meses passaram de forma tranqüila, o incômodo veio no quinto mês.
............No começo ele não estranhava alguns barulhos que escutava vindos do andar de cima, eram apenas arranhões, o que ele concluiu ser algum bicho. Mas um dia de madrugada teve a nítida certeza de ser acordado por um choro de bebê.
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(CONTINUA)

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